“Entendendo o Evangelho com a Doutrina Espírita”
As virtudes vêm sendo definidas desde a Antiguidade através dos filósofos, estudiosos e religiosos de todos os tempos.
Hoje com os conhecimentos da Doutrina Espírita, podemos entender melhor as virtudes, como um instrumento da Providência Divina a fim de nos levar à perfeição.
O conhecimento do ser humano avança, e como não poderia deixar de ser, o conhecimento das coisas, eleva o ser humano a compreender mais e melhor tudo que o cerca e observa.
Veio Jesus, o Mestre incomparável, iluminando nossa caminhada rumo ao nosso grande destino.
Ele nos enviou, passados praticamente dois mil anos, a Doutrina dos Espíritos, trazendo mais luz ao nosso conhecimento.
Hoje sabemos que somos seres imortais, que fomos criados simples e ignorantes, mas que temos inerente a nós os meios, se assim escolhermos, de buscarmos o nosso progresso material, moral e espiritual.
Deus nos criou simples e ignorantes, mas nos dotou de faculdades em potencial, que à medida que vamos vivendo as muitas vidas que a Divina Providência nos oferece, passamos por aprendizados e experiências que possibilitam em nós, o desenvolvimento dessas faculdades, que já desenvolvidas, vamos agregando ao nosso patrimônio espiritual, formando o nosso caráter individual.
É assim que conquistamos o progresso.
A conquista das virtudes, resultado do desenvolvimento das potencialidades, vai nos fazendo seres melhores.
Como toda conquista ela não acontece de repente, requer tempo e vontade firme, esforço e conhecimento.
Hoje poderíamos definir virtude como, uma qualidade moral, uma faculdade positiva de um indivíduo, no sentido praticar o bem.
Quando a criatura consegue a incorporação dessa qualidade em seu ser, ela não consegue mais agir de outra forma, porque a virtude já faz parte de si, do seu eu imortal.
Ser bom, caritativo, laborioso, sóbrio, modesto, são qualidades do homem virtuoso. Infelizmente, quase sempre as acompanham pequenas enfermidades morais que as desornam e atenuam, nos fala François-Nicolas-Madeleine em O Evangelho Segundo o Espiritismo – cap XVII – Sede Perfeitos – item 8.
Na questão 893 de O Livro dos Espíritos, vemos Kardec perguntando aos imortais:
“Qual a mais meritória de todas as virtudes?”
E eles responderam:
“Todas as virtudes têm seu mérito, porque todas são sinais de progresso no caminho do bem.
Há virtude sempre que há resistência voluntaria ao arrastamento dos maus pendores.
Mas a sublimidade da virtude consiste no sacrifício do interesse pessoal, pelo bem do próximo, sem segundas intenções.
A mais meritória é a que se baseia na mais desinteressada caridade”
“Não é virtuoso aquele que faz ostentação da sua virtude, pois que lhe falta a qualidade principal: a modéstia, e tem o vício que mais se lhe opõe: o orgulho.
A virtude, verdadeiramente digna desse nome, não gosta de estadear-se.
Adivinham-na; ela, porém, se oculta na obscuridade e foge à admiração das massas.
- Vicente de Paulo era virtuoso; eram virtuosos o digno Cura d’Ars e muitos outros quase desconhecidos do mundo, mas conhecidos de Deus.
Todos esses homens de bem ignoravam que fossem virtuosos; deixavam-se ir ao sabor de suas santas inspirações e praticavam o bem com desinteresse completo e inteiro esquecimento de si mesmos.
“À virtude assim compreendida e praticada é que vos convido, meus filhos; a essa virtude verdadeiramente cristã e verdadeiramente espírita é que vos concito a consagrar-vos.
Afastai, porém, de vossos corações tudo o que seja orgulho, vaidade, amor-próprio, que sempre desadornam as mais belas qualidades.
Não imiteis o homem que se apresenta como modelo e trombeteia, ele próprio, suas qualidades a todos os ouvidos complacentes.
A virtude que assim se ostenta esconde muitas vezes uma imensidade de pequenas torpezas e de odiosas covardias.
“O homem que se exalta a si mesmo, que eleva estátuas a sua própria virtude, em princípio aniquila, por essa única razão, todos os méritos que efetivamente podia ter
E que direi daquele, cujo valor se reduz a parecer o que não é?
Compreendo perfeitamente que aquele que faz o bem, sente uma satisfação íntima no fundo do coração.
Mas desde o momento em que essa satisfação se exterioriza, para provocar elogios degenera em amor-próprio. (…)
O Evangelho Segundo o Espiritismo – capítulo XVII – Instruções dos Espíritos
“O orgulho e a humildade são os dois polos do coração humano: um atrai todo o bem, o outro o mal; um tem calma, outro, tempestade; a consciência é a bussola que indica a rota conducente a cada um eles(…). Allan Kardec. Revista Espírita: jornal de Estudos Psicológicos – outubro de 1863.
A virtude assume as modalidades necessárias para se opor a todos os males, sem prejuízo de sua integridade.
Há um matiz para resolver cada caso, para se opor a cada vício, para vencer cada paixão, para enfrentar cada incidente; mas sempre, no fundo, é a mesma virtude.
Ela é como a luz que iluminando, resolve de vez todos os obstáculos e tropeços, franqueando-nos o caminho.
O hábito da virtude é fruto de uma porfiada conquista.
Possuí-la é suave e doce. Praticá-la é fonte perene de infindos prazeres.
A dificuldade não está no exercício da virtude, mas na oposição que lhe faz o vício, que com ela contrasta. (…)
A autora Fátima Granja é colaboradora do Centro Espírita Allan Kardec – Campinas – SP – estudiosa da Doutrina Espírita e dos assuntos bíblicos à luz da Doutrina Espírita.