BEM AVENTURADOS OS AFLITOS Bem sofrer e mal sofrer O mal e o remédio

Autora: Fátima Granja

O capítulo V do Evangelho Segundo o Espiritismo – Bem aventurados os Aflitos, é bastante extenso, pois necessita de explicações que é difícil de assimilar.

A situação de aflição não é uma situação que se almeje.

Almejamos sim a alegria, a felicidade, o bem estar, a paz interior.

No entanto Jesus proferiu esse postulado e os Espíritos do Senhor nos ajudam a entender o porquê.

Cada um dos itens que estamos analisando, tem um autor diferente, mas ambos abordam praticamente com os mesmos argumentos.

Nos textos ambos reconhecem que:

  1. Na escala evolutiva, o planeta que habitamos ainda está num patamar inferior, sendo considerado um mundo Expiações e Provas.

Seus habitantes estão passando por diversas situações impostas por “n” razões:

  • Decorrentes de seu passado
  • E também por situações impostas pelo mais alto, para fortalecê-los e fazer com que aprendam a se portar bem diante delas.

 

  1. Desta forma os instrutores espirituais salientam que o sofrimento é um estado comum para todos.

 

Realmente, neste mundo que habitamos, sem exceção estamos sujeitos a:

  1. Perdas de entes queridos, da saúde, da estabilidade, dos bens que nos foram dados por empréstimo, das posições de destaque.
  2. E ainda, devido a nossa natureza inferior estamos sujeitos às obsessões, consequências de atos infelizes de nosso passado recente ou remoto.
  3. Todos são fatores que nos fazem sofrer.

 

A felicidade plena, portanto, não existe nesse nosso nível evolutivo, exatamente por que:

  1. Nele precisamos expiar nossos erros e aprender.
  2. Depois precisamos provar que aprendemos mesmo, na prática.

 

Quando Jesus fala que “haveria choro e ranger de dentes”, certamente estava se referindo a forma pela qual as criaturas encaram a situação de sofrimento.

  1. Existem aqueles que diante das situações difíceis, dolorosas, sejam elas expiações ou provas choram, humildemente aceitando e reconhecendo que faz parte das “n” razões impostas como consequência de nosso modo de ser, e do nível evolutivo a que pertencemos.
  2. Outros se revoltam, brigam, não aceitam e rangem os dentes.

 

O autor do texto cita Jó, um personagem bíblico e nos incita a seguirmos seu exemplo.

Jó chegando ao último grau do sofrimento, das perdas, da miséria, dizia:

– “Graças, graças meu Deus, por terdes querido provar o vosso servo!”

 

Agostinho, um dos instrutores espirituais, aponta a fé, como sendo o remédio para situações difíceis, para os sofrimentos de toda ordem.

O que seria a fé senão o conhecimento da realidade espiritual.

 

Para incrementar esse conhecimento, o mais alto nos enviou Jesus para nos ensinar e exemplificar as Leis da Providência Divina:

  1. A imortalidade do ser
  2. A lei de causa e efeito
  3. A lei da reencarnação
  4. O progresso incessante a nos impulsionar para sempre para o alto.

 

Imortalidade – Somos seres que tivemos um princípio, mas não teremos um fim. Jesus nos provou essa realidade.

 

Causa e Efeito – Sempre que alguma Lei da Natureza for violentada, trazendo um desequilíbrio na obra da criação, esta mesma Lei se encarregará de restaurar o equilíbrio que foi quebrado.

Jesus dizia:

A cada um segundo suas obras”.

“Daqui não saireis até pagardes o último ceitil”.

 

Reencarnação – Intimamente ligada à Lei da Imortalidade, é através dela que, até uma determinada faixa de nossa caminhada evolutiva, ela é ativada, representando oportunidades de restauração e crescimento para nós, seres espirituais.

Enumeras vezes Jesus abordou Reencarnação.

As realidades espirituais nos mostram a grandeza e generosidade das leis que regem a tudo e a todos.

Este fato nos conforta e consola.

Se devido a nossa ignorância ainda cometemos e reincidimos em erros milenares, sabemos que não estamos órfãos.

Somos filhos de Deus, que quer a nossa salvação e não a nossa perdição.

Por suas sábias e generosas Leis, Ele nos oferece todas as oportunidades de refazermos, corrigirmos, aprendermos e progredirmos.

 

Diante do sofrimento, aquele que tem fé, isto é, o conhecimento da realidade espiritual, reconhece as Leis de Deus, se submete a elas e chora, mas não se revolta.

Em meio da tormenta de problemas ele não desanima, tem esperança… porque confia.

 

O conhecimento da realidade espiritual lhe confere a coragem para enfrentar as agruras.

Dessa forma ele combate o desânimo tão natural diante de situações que nos fazem sofrer.

Ele sabe que depois dos momentos difíceis sofridos com resignação e confiança, se abre um futuro brilhante.

Esse seria o Bem Sofrer que o instrutor espiritual aponta.

 

Embora saibamos que a felicidade não existe nesse nosso planeta de expiações e provas, sabemos também que podemos alcançar momentos felizes, de grande tranquilidade e paz.

Esses momentos acontecem quando cultivamos sentimentos elevados.

Simão Pedro o grande amigo e apóstolo de Jesus, relembrando o que ouvira pessoalmente na pregação do Mestre dizia: “O amor cobre a multidão dos pecados

 

O amor, sentimento por excelência é o ponto central dos ensinamentos de Jesus.

A assimilação do amor no patrimônio espiritual das criaturas seria o resultado final de todo um processo que representa a missão de Jesus de transformar o nosso mundo de expiações e provas em um mundo mais feliz.

 

Mas o amor que Jesus ensina não é algo muito simples.

Subentende:

  1. O conhecimento das Leis de Deus que regem a tudo e a todos.
  2. E também um procedimento de acordo com o seu exemplo.

 

Conhecendo os ensinos de Jesus a criatura fatalmente acaba assimilando valores e virtudes tais como a paciência, a resignação, a aceitação.

Essa condição assimilada é que revela na criatura o amor que cobre a multidão dos pecados, simplesmente porque é ela a prova que a criatura aprendeu a lidar com as dificuldades, com as vicissitudes.

 

O aprendizado de como se portar diante das suas Leis, é tudo o que a O Criador espera de todos os seus filhos.

 

Os momentos difíceis que passamos hoje são resultado do que fomos ontem, mas se passarmos esses momentos com resignação e amor, procurando vivenciá-los da maneira mais mansa, mais fraterna, aprendendo coisas novas a cada dificuldade, com certeza nos enquadraremos no rol dos bem aventurados de Jesus.

 

É preciso valorizar cada momento da nossa vida, mesmo que sejam momentos de muita dor oriundos de enfermidades, desacordos familiares, abandono, carência material, sempre buscando com toda nossa energia soluções para nossos problemas, dentro de nossas possibilidades, sem esmorecer, tendo a grande certeza que a infinita bondade do Senhor da Vida vai sempre amenizar o nosso sofrimento a medida que formos nos enquadrando em suas sábias Leis.

 

  • O Evangelho Segundo o Espiritismo – Bem e mal sofrer – Cap. 5 – Itens 18 e 19

 

A autora Fátima Granja é colaboradora do Centro Espírita Allan Kardec – Campinas – SP, estudiosa da Doutrina Espírita e dos temas bíblicos à luz da Doutrina Espírita.