Jesus Acalma a Tempestade

“Entendendo o Evangelho com a Doutrina Espírita”

Autora: Fátima Granja

Narra o Evangelho de Jesus,

“E disse-lhes, naquele dia, ao cair da tarde: Passemos para outra margem.

Deixando a multidão, eles (os discípulos) o levaram do modo que estava, no barco; e com ele havia outros barcos.

Sobreveio uma tempestade de vento, e as ondas se jogavam para dentro do barco, e o barco já estava se enchendo.

Ele (Jesus) estava na popa, dormindo sobre o travesseiro.

Eles o acordam e dizem:

Mestre, não te importa que pereçamos?

Levantando-se, Ele conjurou severamente o vento e disse ao mar; Silencio! Logo o vento serenou e houve grande bonança.

 Depois Ele perguntou: Por que tendes medo? Ainda não tendes fé?

Então ficaram com muito medo e diziam uns aos outros: Quem é este a quem até o vento e o mar obedecem?” Marcos 4:35/41

 

Segundo O Livro dos Espíritos, (LE 536/540) essa narrativa dos Evangelhos é perfeitamente viável, que Jesus tenha ordenado, e os Espíritos que visam a manutenção do equilíbrio e da harmonia das forças físicas, o tenham obedecido.

 

No entanto, nada impede que seja dada a essa passagem uma interpretação simbólica que traz ao nosso entendimento um ensino de Jesus magistral.

Poderia ser até que tenha sido uma parábola que Ele tivesse contado, visando o ensino espiritual.

 

Santo Agostinho na Antiguidade já dava a essa passagem uma interpretação simbólica:

  1. A Igreja cristã, mesmo na tempestade, tem Cristo ao leme e, embora pareça dormir na hora oportuna despertará e salvará
  2. A alma humana que, mesmo agitada pelas provações, não sucumbirá se recorrer a Cristo que nela se encontra, embora no silencio do sono

 

Poderiam ser feitas outras aplicações em para situações semelhantes, mas o sentido profundo do fato é a segunda afirmativa de Agostinho.

Nós Espíritos estamos viajando no barco do corpo, atravessando o lago deste mundo com nossos sentidos e frequentemente se levantam turbilhões de dificuldades que ameaçam o naufrágio total.

No fundo do nosso íntimo nos voltamos para Jesus que aparentemente está dormindo na pôpa, deitado no travesseiro do nosso coração.

Mas quando as circunstâncias se tornam desesperadoras, nos voltamos aos gritos ao Cristo.

No entanto o Mestre está atento a nossas necessidades e sabe melhor do que nós, o que necessitamos, e socorre-nos sempre a tempo.

E, Jesus diante da nossa aflição, nos repreende docemente:

Por que és medroso? Como ainda não tens confiança?

 

Por isto não devemos temer diante das adversidades que sacodem nosso barco.

Jesus nos fez uma promessa que estaria conosco até a consumação dos séculos (Mateus 28:20). Nunca podemos deixar que o medo nos faça esquecer que Jesus acalma a tempestade, seja qual for ela.

Com Ele em nosso barco, podemos repetir as palavras do salmo,

 “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo” ( Salmo 23:4)

 

Quando olhamos para Jesus de frente, percebemos que o medo não faz qualquer sentido. Durante aquela tempestade os discípulos falharam em perceber que não havia nada a temer.

O mar estava revolto e o vento soprava forte.

Mas Jesus, estava humildemente repousando na popa da pequena embarcação que era sacudida pelas águas.

 

A passagem em que Jesus acalma a tempestade nos ensina que não devemos temer as tormentas da vida.

Jesus não repreendeu os discípulos especificamente por terem sentido medo, mas por não terem demonstrado uma fé madura.

O problema é que a falta de fé inevitavelmente nos conduz ao medo. Além disso, é muito comum sentir medo diante de uma tempestade.

 

Nem todos enfrentamos situações de vida ou morte como os discípulos enfrentaram nesse barco.

No entanto, todos passamos por problemas que parecem não ter solução.

Tentamos, mas nada que fazemos resolve o problema.

Sentimos que vamos afundar.

Quando isso acontece, precisamos ter fé.

Não há nada que Jesus não possa fazer! Se ele deu ordens ao mar e ele obedeceu, ele também pode nos ajudar com nossos problemas.

 

Os discípulos estavam com medo, mas Jesus não estava.

Ele estava no controle o tempo todo, embora estivesse dormindo!

Assim como os discípulos no barco, nós precisamos aprender a confiar em Jesus, mesmo quando parece que ele não está presente.

Na hora certa Jesus age.

Se cremos nisso, vamos evitar muito pânico.

Os discípulos não usaram sua fé, mas fizeram uma coisa certa: apelaram para Jesus.

Nas dificuldades, precisamos ir para Jesus.

Sem Jesus, não conseguimos.

Ele é nosso único salvador, que nos dá a solução para os problemas impossíveis.

A autora Fátima Granja é colaboradora do Centro Espírita Allan Kardec – Campinas – SP e estudiosa dos assuntos bíblicos à luz da Doutrina Espírita.