Autor: Ademar Lopes Junior
A ideia de escrever as histórias de fantasmas que meu pai me contava na infância já era um projeto meu de longa data. Sempre gostei das histórias e do jeito que meu pai contava. Meu avô, um homem português do século XIX e que morreu com 91 anos, também me contava histórias de medo, no período que ele morou conosco, em seus últimos três anos de vida. Pensava que as histórias escritas seriam uma homenagem justa a quem, de alguma forma, contribuiu para minha formação de escritor.
No início dos anos 2000, quando lancei meus livros infantis, pela Editora Allan Kardec, onde trabalhava, percebi que faltava em nosso catálogo livros para adolescentes. Assim, em conversa aqui e ali, recontando essas histórias (até então somente orais) de vez em quando entre amigos, percebi que poderia retomar o projeto, e que ele poderia ter os jovens como público-alvo. Confesso que “testei” alguns conhecidos, inclusive algumas crianças, para ter certeza de que esse tipo de literatura seria do interesse e do gosto do público infantojuvenil.
No início, o projeto era bem despretensioso. Somente sete histórias. O número era proposital, cabalístico para uns, bíblico para outros, me agradava. Foi quando percebi, certo dia, com certo “pavor”, que já tinha escrito nove contos. Aí não tinha jeito, tinha que chegar aos 13. Conversa daqui, conversa dali, alguns amigos, alguns tios, e cada vez chegava mais perto. Aqui preciso abrir um parêntese para explicar que meu projeto não era somente contar as histórias de infância, mas contar com verdade, da forma como me foram passadas. Histórias reais. Obviamente, todas elas foram trabalhadas com recursos literários, algumas poucas “invencionices” para dar aquele brilho necessário, porém o fato sempre guardou compromisso com uma experiência de vida (?) de alguém: mãe, tia, avó, amigo… E assim cheguei a 12. Puxa vida, faltava uma!
Certo dia, eu almoçava assistindo televisão, quando ouvi o anúncio, antes dos comerciais, que seria exibida no próximo bloco a história da Maria do Cemitério, que morava em Machado, no sul de Minas Gerais. Mistério para mim ainda hoje é que eu assistia ao programa de um canal que jamais via. Assisti à matéria e percebi que tinha minha última história. Iria conhecer e entrevistar essa personagem fantástica! Afinal, não é sempre que se vê uma mulher viva que morou por toda sua vida dentro de um cemitério. Estava perto de sair de férias. Não hesitei em incluir no programa de viagem para as cidades históricas mineiras um desvio em Machado. E assim foi. Numa sexta-feira de início de agosto de 2009, por volta das 10h, eu e meu amigo Antonio Marcos Ferreira, ele um mineiro legítimo de Ouro Fino, paramos em frente ao portal do cemitério de Machado, um lugar silencioso e lindo, no alto de uma colina. Um pouco dessa experiência já está na abertura do livro 13 Histórias de Medo, e o resto da história ficou registrada como aquela que fecha as 13.
Minha querida amiga Ludmila Keller Lopes, que trabalhou comigo na Editora, foi minha primeira leitora (dos originais). Aprovou. Apresentado ao conselho da Editora, o livro foi aprovado.
Hoje, muitos anos depois, o livro 13 Histórias de Medo é para mim uma alegria que ainda aquece o coração. As histórias são verdadeiras, revestidas de alguma arte. São histórias que falam de medo, especialmente o meu medo de ouvi-las quando criança, e da curiosidade pelo mundo espiritual. Não são propriamente doutrinárias, nem mediúnicas, apesar de não deporem contra os ensinamentos espíritas, tão esclarecedores para todos da realidade espiritual. O principal objetivo sempre foi o entretenimento do leitor. Como costumo registrar nos autógrafos que escrevo a quem pede, desejo apenas que “essas histórias, escritas com humor e espírito, possam provocar um arrepio ou tirar, pelo menos, um sorriso”.
Ademar Lopes Junior– Jornalista e bacharel em direito. Autor de várias obras da Editora Allan Kardec e atua como educador espírita infantil junto as crianças e jovens em nossa Casa